Temos aqueles que se conformam com sua condição de mortal e por outro lado temos também os que até debocham dessa situação. É dentro desse grupo que estão os que até nos folguedos carnavalescos brincam com a situação.
Brasil a fora existem manifestações folclóricas que mostram essa nossa observação. No carnaval existem pessoas que dão preferência para as caretas que são réplicas de caveiras, de bruxas, de monstros e outros personagens que de alguma forma estão ligados ao desconhecido, ao sobrenatural. O bloco das almas de Maragogipe tem esse propósito. Sempre foi um grupo que busca mexer com o sentimento de medo de alguns a cerca da morte e de entes sobrenaturais. Não é que pretendam desmerecê-la. Não, é uma forma de demonstrar uma aceitação daquilo que está reservado para todos os seres vivos.
O grupo das almas propositadamente reúne seus membros e organiza o corteja na porta do cemitério local para percorrer a cidade quando boa parte dos moradores já está dormindo. Não resta dúvidas que essa atitude traz um pouco mais de receio entre as crianças, especialmente.
A indumentária é constituída basicamente de um pano branco que cobre o folião e que tem apenas dois orifícios para os olhos. No percurso não é permitido conversar nem falar, apenas gemer e soltar uis, enquanto uma matraca e o bombo vão enchendo o espaço com seus sons específicos.
Em meio aos figurantes, nunca deve faltar, um personagem que tenha traje diferente e que coberto de trapos, esse sim, deve ter como mascara uma figura que cause medo nas pessoas pelas suas feições de ente sobrenatural. Na maioria das vezes esse careta tem os trajes que habita a mente da maioria das pessoas sobre a figura do diabo.
Na época que em Maragogipe existiam os clubes sociais Associação Atlética e Radio Club, o grupo das almas fazia uma visita a estes clubes que já estavam realizando o baile de abertura do carnaval, no sábado de carnaval, logo depois de percorrer toda a cidade e retornar para a praça principal. Assim é que se ficava conhecendo os componentes do grupo das almas, pois nessa ocasião descobriam-se e recebiam os aplausos dos presentes.
Colunista de história deste Site: Prof. Bibito (Abílio Ubiratan).
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