Reabertura do Estaleiro Enseada e a esperança de novos tempos.

Esta é uma notícia aguardada com entusiasmo pela população maragojipana  e  cidades próximas ao empreendimento, a perspectiva de geração de 1500 empregados diretos. Sem sombra de dúvidas, a esperança começa tomar conta dos trabalhadores que ficaram desamparados quando tiveram seus sonhos interrompidos  após a intervenção judicial provocada pela operação "Lava Jato", com quase 80% da obra concluída e bilhões de reais investidos. Foi um golpe duro na população do Recôncavo baiano, quando ocorrido o fechamento do Canteiro de Enseada, trabalhavam quase 8 mil ente homens e mulheres.

Durante estes quase sete anos que as atividades foram paradas, quais os impactos sociais, ambientais e outros foram deixados desde a instalação e parada das atividades? Este questionamento será explanado mais a frente. Neste momento, quero expressar sobre uma outra inquietação; pois, até hoje não se entende como um investimento de bilhões, por uma determinação judicial - em qualquer país desenvolvido, investiga, julga e pune - abre novo processo licitatório e novas empresas concluem as obras. Afinal de contas, é muito dinheiro público investido sendo sucateado.

Marqgogipe sofreu com os impactos causados  durante a instalação e construção da Estaleiro Enseada, com o crescimento econômico surgiram as mazelas, uma grande população flutuante passou a frequentar a cidade, o crescimento absurdo do consumo de  bebidas alcóolicas  e outros  tomaram conta da cidade; aumento da natalidade, aumento da violência com o fechamento das atividades. Maragogipe amargou durante os últimos anos, sem contar a readequação da área territorial da Reserva Extrativista Marinha da Baía do Iguape (RESEX) para a instalação do Estaleiro Enseada, o que causou inúmeros impactos ambientais. 

Mas não iremos aqui tratar apenas das mazelas, claro. Ficou evidente que o aquecimento econômico foi notório, a expectativa foi a melhor possível;  porém, é preciso pontuar que o processo de logística afetou diretamente no setor hoteleiro e de laser. Como o empreendimento está localizado na Enseada e na época não tinha acesso pela ponte sobre o Rio Baitatan, a cidade de Salinas das Margaridas acabou abarcando com boa parte dos serviços de alimentação e hotelaria. Diversos empresários sofreram perdas irreparáveis, a exemplo dos hotéis e pousadas construídos em São Roque. Até um clube foi construído para atender ao público, contudo, a realidade não corresponderam as expectativas.

A esperança voltou e esperamos que Maragogipe consiga de fato entrar nos trilhos do progresso e desenvolvimento econômico, com a geração de empregos e renda. Mas não posso me furtar de fazer alguns questionamentos,  da possibilidade de 1500 empregos que podem ser gerados com a reativação do estaleiro, esse número pode aumentar. Pois, a promessa é de construir 80 barcaças, diante desta perspectiva, quantos maragogipanos estariam aptos para ocuparem essas vagas de trabalho?  O que a administração pública vai fazer para capacitar  a nossa população para ocupar essas tão sonhadas vagas de emprego?  Mais duas coisas me inquietam: O Município possui legislação que garante ou fortalece o Programa meu Primeiro Emprego, para a abertura de vagas para os jovens? Outra inquietação é sobre a existência de legislação sobre a abertura de vagas para Pessoas com Deficiência. 

Estas inquietações sugiram diante da construção deste pequeno texto, cujo a intenção é de poder contribuir justamente para os atuais e futuros legisladores e gestor Público Municipal, em pensar sobre esta temática, sem esquecer a Responsabilidade Social que as empresas têm, e reparar os danos que poderão causar. Torna-se imprescindível a participação social durante esse novo momento de retomada da Construção Naval, temos todas as ferramentas para crescermos e construirmos um desenvolvimento socioambiental sustentável em que a nossa população possa ter como resultado uma saúde melhor, educação de qualidade e comida na mesa.

Por Nelson Querino, colunista toda quarta-feira. 

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